domingo, 10 de setembro de 2017



De 7 a 14 de setembro, é realizado em Congonhas, o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a maior romaria religiosa de Minas e uma das maiores do Brasil, desde 1757.
Que o Bom Jesus nos abençoe hoje e sempre!
Deixo aqui minha homenagem ao Jubileu com a poesia abaixo que publiquei no meu livro 'De mineiro e louco, com mais um pouco'.

JUBILEU

Vai chegando setembro
Nas ladeiras do Bom Jesus,
Com ele a eterna esperança
De umas preces atendidas
De uns trocados no bolso.


Os comerciantes vêm de longe
Trazem novidades da cidade grande:
Terço, relógio, disco,
Calça, rádio, cachaça.
E uma vida sem paradeiro.


Os romeiros vêm devagar
De lugares tão longe, de lugares tão perto.
Bom Jesus os espera,
O comércio os espera,
E a folia também.


Os pobres, escondidos, chegam
De madrugada, chegam os doentes.
Espalham-se por todos os lados,
Lugares sempre estratégicos.
A doença que não se cura, a pobreza que não se acaba.


Os romeiros trazem pecados,
Dinheiro, esperança e preces.
Querem beijar o Bom Jesus,
Falar na Rádio pra quem ficou,
Cumprir promessa e comprar presentes.


Meu Bom Jesus de Matosinhos:
Te peço perdão, por minha omissão.
Te peço dinheiro, para comprar faqueiro.
Te peço permissão, no seu bom coração,
Pra beber da cachaça, um só golinho.


Faz muito calor na ladeira,
Os braços pra cima, as vozes repetem,
Os olhos nas pernas.
Sagrado e profano, abraçados,
Descem a ladeira para jogar.


O bispo faz sermão sério,
Sua voz se mistura ao barulho
Do homem que vende imagem,
Do menino que pede esmola.
É a festa do jubileu!


Abençoados pelo Bom Jesus,
Vão-se embora os romeiros.
Deixando pecados pequenos e grandes,
Levando graças, bolsas e caixas,
E novos pecados modernos.


 O comércio fica mais um pouco,
A cidade não aguenta mais.
O Bom Jesus, cansado,
Vai dormir solitário,
Esperando o setembro chegar.