sábado, 2 de dezembro de 2017


Amigos, convido para o lançamento de meu livro de contos.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

De táxi



Gosto muito de conversar com taxistas. Acho que eles sempre têm muitas histórias para contar. Afinal, ninguém mais do que eles conhecem a cidade, suas características e seus personagens. Taxistas, quando não são eles mesmos uns belos personagens, conhecem todos as figuras da cidade e suas histórias engraçadas.

Outro dia, peguei um táxi no aeroporto de Brasília e fui conversando com o taxista até meu apartamento. Que conversa boa! Que figura! O taxista nasceu na Polônia e mora no Brasil, em Brasília, há 35 anos. Fala português corretamente, carregando apenas um leve sotaque e se considera brasileiro, pois já está aqui há mais tempo do que viveu em sua terra natal.

Como a viagem foi longa, conversamos de tudo, comida, futebol, costumes, línguas, trabalho. O velho polonês taxista gosta de conversar e contar histórias. Ele me disse que torce pelo Palmeiras; gosta de nossa comida, que considera muito rica; rapidamente se adaptou ao jeito descontraído do brasileiro e só aprendeu português de verdade quando parou de traduzir e passou a pensar em nosso idioma.

Agora o mais legal da conversa foi o motivo de sua vinda para o Brasil. Ele não veio para cá por causa de questões econômicas, perseguições religiosas ou políticas. Ele atravessou o Atlântico por amor. Conheceu sua esposa brasileira em Varsóvia, onde ela estava trabalhando e estudando. Quando ela voltou para o Brasil, ele não aguentou de saudade e veio atrás dela viver uma aventura do outro lado do mundo, em nome do amor.

O amor, quando verdadeiro, puro e sincero é capaz de remover todas as barreiras: econômicas, religiosas, culturais, linguísticas, geográficas. O mais belo de todos os sentimentos transforma as pessoas e faz com que elas enfrentem todos os desafios, larguem suas famílias, aprendam novas línguas e até cruzem oceanos. O amor é ilimitado como a capacidade do ser humano de amar.

domingo, 10 de setembro de 2017



De 7 a 14 de setembro, é realizado em Congonhas, o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a maior romaria religiosa de Minas e uma das maiores do Brasil, desde 1757.
Que o Bom Jesus nos abençoe hoje e sempre!
Deixo aqui minha homenagem ao Jubileu com a poesia abaixo que publiquei no meu livro 'De mineiro e louco, com mais um pouco'.

JUBILEU

Vai chegando setembro
Nas ladeiras do Bom Jesus,
Com ele a eterna esperança
De umas preces atendidas
De uns trocados no bolso.


Os comerciantes vêm de longe
Trazem novidades da cidade grande:
Terço, relógio, disco,
Calça, rádio, cachaça.
E uma vida sem paradeiro.


Os romeiros vêm devagar
De lugares tão longe, de lugares tão perto.
Bom Jesus os espera,
O comércio os espera,
E a folia também.


Os pobres, escondidos, chegam
De madrugada, chegam os doentes.
Espalham-se por todos os lados,
Lugares sempre estratégicos.
A doença que não se cura, a pobreza que não se acaba.


Os romeiros trazem pecados,
Dinheiro, esperança e preces.
Querem beijar o Bom Jesus,
Falar na Rádio pra quem ficou,
Cumprir promessa e comprar presentes.


Meu Bom Jesus de Matosinhos:
Te peço perdão, por minha omissão.
Te peço dinheiro, para comprar faqueiro.
Te peço permissão, no seu bom coração,
Pra beber da cachaça, um só golinho.


Faz muito calor na ladeira,
Os braços pra cima, as vozes repetem,
Os olhos nas pernas.
Sagrado e profano, abraçados,
Descem a ladeira para jogar.


O bispo faz sermão sério,
Sua voz se mistura ao barulho
Do homem que vende imagem,
Do menino que pede esmola.
É a festa do jubileu!


Abençoados pelo Bom Jesus,
Vão-se embora os romeiros.
Deixando pecados pequenos e grandes,
Levando graças, bolsas e caixas,
E novos pecados modernos.


 O comércio fica mais um pouco,
A cidade não aguenta mais.
O Bom Jesus, cansado,
Vai dormir solitário,
Esperando o setembro chegar.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Coisas do infinito



Um sorriso em nossa direção
dedos que se tocam
mãos sem pressa nos cabelos
um piscar de doces olhos
aquele perfume inesquecível
a voz da mulher amada
nossa música predileta
um poema belo e simples
uma rosa de surpresa
um beijo apaixonado
o pôr-do-sol a dois
são coisas do infinito
que amolecem a alma
que curam os males
que tocam o coração


Poema do livro "Enquanto eles jogam bombas"

Cartas de amor



Chamei Drummond pra tomar uma cerveja no Chico Mineiro. Ele fechou a cara e respondeu mal humorado:
__ Não vou em bar de cruzeirense. Sou vascaíno, uai!
Esses mineiros com “oitenta por cento de ferro nas almas” são difíceis que só. Pensei. Mas isso também é normal. Dois mineiros sistemáticos nunca são fáceis de chegar num acordo sobre qualquer assunto. Depois de muita negociação – porque toda conversa entre dois mineiros precisa de negociação –, chegamos num entendimento e fomos para o Feitiço Mineiro.
Pedimos uma Antarctica, duas cachaças e uma porção de torresmos.
__ Drummond, você precisa se atualizar.
__ Eu? Por quê?
__ Aquele seu poema "As namoradas mineiras" não funciona mais nos dias de hoje.
__ Por que não funciona mais?
__ Uai! Ninguém manda mais carta pelos Correios!
__ O amor por cartas é mais romântico...
__ Aqui ó... tá vendo... nem são mais 215 municípios em Minas! São 853! Totalmente desatualizado!
__ O número de municípios não muda o sentido do poema...
__ Drummond, hoje não se usa mais mandar cartas.
__ Por que não se usam mais cartas?
__ Elas demoram muito pra chegar, Drummond.
__ O mundo de vocês é muito imediatista. No meu tempo era até gostoso ficar esperando por uma carta.
__ Olha isso aqui, meu amigo: “põe o amor escrevendo no mimeógrafo!” Isso nem existe mais. É pura peça de museu!
__ Se não usam mimeógrafos e cartas, como as pessoas de hoje fazem?
__ Drummond, hoje para se conhecerem, as pessoas usam o Tinder?
__ Tinder? O que é isso?
__ É um aplicativo de celular que aproxima as pessoas.
__ Mas as pessoas conversam e namoram usando esses aparelhinhos que vocês nunca tiram das mãos?
__ Isso mesmo, Drummond! Acho que você precisa atualizar sua poesia. Sugiro trocar as cartas pelo Tinder e o mimeógrafo pelo celular. Fica bem mais atual.
Drummond parou, pensou, olhou para o movimento na rua, chamou o garçom e pediu mais uma cerveja. Depois, batendo os dedinhos finos na mesa, olhou bem nos meus olhos e disse calmamente com sua voz baixa:
__ Aguinaldo, esse negócio de Tinder e celular até pode ser mais atual e mais rápido, mas eu nunca vou trocar o romantismo de uma carta por nada mais avançado. O cheiro do papel, a beleza da letra feminina e a gostosa ansiedade da espera são insubstituíveis. Prefiro minhas cartas que esse seu tal de Tinder.
No fim de nossa conversa, acabei concordando com o velho mineiro: nada pode substituir o verdadeiro romantismo. Ao sair do bar, desinstalei o aplicativo e, desde então, tenho mandado minhas cartas. As cartas demoram mais, eu sei. Mas eu não estou mais ansioso. Cheguei a conclusão que não quero relacionamentos rápidos e superficiais, como os dos aplicativos. Quero relações longas e românticas como as cartas que tenho trocado.

domingo, 25 de junho de 2017



“Hoje resolvi sair parecendo o capitão Jack Sparrow dos Piratas do Caribe. Não é difícil para mim. Sou moreno, tenho rosto fino e o cabelo parecido com o dele. Fui ao espelho e fiz uma cara de mal e de esperto ao mesmo tempo, dois rolinhos na barba, passei um pouco de sombra abaixo dos olhos e amarrei um lenço vermelho na cabeça. Gostei do que vi. Fiquei pensando: será que alguém vai entender minha intenção?”
Trecho de "Desafinados No Coro Dos Contentes" (Editora Giostri), do escritor Aguinaldo Tadeu.
Compre o livro no link: https://www.saraiva.com.br/desafinados-no-coro-dos-contente…