Amigos, deixo aqui um trecho do meu romance 'Desafinados
no coro dos contentes', mostrando o artista de rua Kimkim se arrumando
para sair de casa.
Espero que gostem!
Espero que gostem!
Dei uma olhada cuidadosa no
espelho antes de sair. Cabelos compridos e desgrenhados, olhos penetrantes e expressão
de maluco sem solução. Conferi meus adereços: capote azul, botinas velhas, urna
vermelha de madeira, onde recebo meu salário, um cajado, para me proteger dos
atrevidos e um malote de banco que uso como mochila nas costas, onde levo um
livro, algo para comer e uma garrafa d’água. A urna também foi presente do Velho
Zuza.
Principalmente,
antes de sair, sempre confiro o mais importante que é a grande placa que vai pendurada
ao pescoço, onde hoje se lia ao centro com letras maiores: “Dilma corta imposto
da cesta básica, mas mantém as mamatas de Brasília”. Abaixo desse texto, sempre
vem escrito com letras menores: “ajude o Kimkim com um pouco de seu dindin”. No
canto esquerdo superior da placa, uma foto de Dilma com a faixa de presidenta
da República. Abaixo os dizeres: “quero ser como ele”, com uma seta apontada
para baixo, onde se vê uma foto de Lula também com a faixa de presidente. Abaixo
os dizeres: “quero ser como ele”, com uma seta apontada para cima. No canto
direito superior da placa, para onde aponta a seta de Lula, uma foto de Dom
Pedro II com a roupa imponente de imperador do Brasil. Embaixo dessa foto os
dizeres: “nunca serão!”.