domingo, 31 de agosto de 2014

Eu sou um babaca!




Outro dia, uma pessoa, talvez num momento de ira, infelicidade ou falta de Deus, acusou-me de ser um babaca. Com o dedo na minha cara, falou e repetiu: você é um babaca! Naquele momento, fiquei chateado e me senti injustiçado. Depois, com a cabeça fria, refleti e concluí que perante o mundo de hoje, sou mesmo um babaca.

Se olhar a vida com os olhos da poesia é ser um babaca, eu sou.

Se acreditar que um novo mundo é possível é ser um babaca, eu sou.

Se viver sua vida buscando o ser-sentir-sonhar é ser um babaca, eu sou.

Se não precisar de um carrão para ser feliz é ser um babaca, eu sou.

Se acreditar nas causas perdidas é ser um babaca, eu sou.

Se sentir a felicidade logo ali nas coisas mais simples é ser um babaca, eu sou.

Se gostar de sair mais cedo do trabalho só para ver o pôr-do-sol é ser um babaca, eu sou.

Se crer que há um pote de ouro depois do arco-íris é ser um babaca, eu sou.

Se ter fé na magia das artes é ser um babaca, eu sou.

Se ter sensibilidade é ser um babaca, eu sou.

Se amar e querer ser amado é ser um babaca, eu sou.

Se necessitar de carinho é ser um babaca, eu sou.

Se crer que viajar é mais importante que ter coisas é ser um babaca, eu sou.

Como tenho todos esses defeitos, sou o mais perfeito babaca. Mais do que isso, sou um babaca confesso e adoro ser um babaca!

Junte-se a mim e seja um babaca também. É muito fácil ser um babaca. Basta não ser levado pelos outros, esquecer as coisas do mundo e levar a vida com mais leveza, simplicidade e poesia.

domingo, 24 de agosto de 2014

Central de Atendimento



Você já ligou para uma central de atendimento? Se nunca ligou, escute meu conselho: jamais ligue. Jamais! É mais ou menos como cigarro. Vou explicar: dizem que cada cigarro fumado diminui a nossa vida em dois minutos. Com a central de atendimento, acontece mais ou menos a mesma coisa: cada minuto de ligação reduz dez minutos na nossa vida. Quem já ligou numa central de atendimento, seja de qual empresa for, sabe bem do que estou falando.

Outro dia, tive a infelicidade de ligar para uma central de atendimento:

__ A empresa XPTO agradece sua ligação. Aperte 1 para visita técnica, 2 para contas, 3 para alterações, 4 para cancelamentos, 5 para reclamações ... ou se não tiver jeito, se quiser mesmo, fazer o quê né, então disque 171 para falar com um de nossos atendentes.

Se você chegou ao fim da ligação eletrônica ainda com vida, não ache que seus problemas acabaram. Eles estão apenas começando. Quando você clica na opção para falar com um atendente, você vai esperar, no mínimo, eu disse no mínimo, uns seis minutos até que alguém apareça do outro lado da linha com má vontade e voz enfadonha:

__ Em que posso estar lhe ajudando, meu senhor?

__ Qual seu nome, meu senhor?

__ Qual seu CPF, meu senhor?

__ Não entendi. O senhor pode estar repetindo?

__ Qual seu endereço completo com CEP, meu senhor?

__ Qual o nome de sua mãe completo, meu senhor?

__ Qual o nome completo dos doze irmãos de seu pai, meu senhor?

Quando você termina aquele questionário de fazer doido, o atendente ainda vai dizer e sem alterar o tom de voz:

__ Me desculpe, meu senhor, mas cancelamentos é em outro setor. Vou estar lhe transferindo agora.

Você não tem tempo de falar nada. Se tentar falar, vai falar sozinho. O atendente já transferiu a ligação. Após mais sete minutos de espera, se tiver sorte, outra pessoa preguiçosa de voz enfadonha atenderá:

__ Em que posso estar lhe ajudando, meu senhor?

__ Qual seu nome, meu senhor?

__ Qual seu CPF, meu senhor?

__ Não entendi. O senhor pode estar repetindo?

__ Qual seu endereço completo com CEP, meu senhor?

__ Qual o nome de sua mãe completo, meu senhor?

__ Qual o nome completo dos doze irmãos de seu pai, meu senhor?

Não adianta você explicar que já tinha falado tudo isso lá trás. Não adianta você explicar que eles têm seu cadastro e não precisam fazer tantas perguntas. Não adianta você explicar que está com pressa e que não pode perder o dia todo ali. Não adianta você explicar nada. A voz enfadonha não vai te ouvir. Ela não vai parar de falar mecanicamente seguindo sempre o seu roteiro.

Se tiver paciência para chegar ao fim da tortura e sobreviver até lá, não se alegre antecipadamente. De cada mil que têm a coragem de ligar numa central de atendimento, apenas um consegue realizar seu objetivo. Por que você seria este um tão felizardo? Na grande maioria das vezes, sinto lhe dizer, mas o que vai ouvir é a voz enfadonha que não se altera dizer:

__ Infelizmente, não será possível estar fazendo o seu cancelamento, meu senhor, pois o nosso sistema de cancelamento está fora do ar. Peço a sua compreensão e que o senhor volte a estar ligando daqui a alguns minutos...

Nessa aí, meu amigo, pode contabilizar: você diminuiu pelo menos umas cinco horas no tempo da sua vida...


sábado, 16 de agosto de 2014

Sou amigo do campeão mundial!

Amigos,

Hoje, na minha Crônica de Sábado, presto uma singela homenagem ao meu amigo Rafael Alimandro, campeão mundial master de natação. Espero que gostem! Abraços,


__ Oi, mãe, tudo bem?
__ Tudo bem, meu filho. E aí?
__ Tudo bem, mãe. Alguma novidade?
__ Tudo na mesma. E aí?
__ Nada de novo. Ah, só uma: um amigo que trabalha comigo é o novo campeão mundial de natação!
__ Você trabalha com o César Ciello?
__ Não mãe. Meu amigo, o Rafael, é campeão mundial máster.
__ Campeão mundial máster?
__ Isso mãe. É uma espécie de César Ciello de bengala! Entende?
__ Entendi. Nossa! Que legal! E como ele é meu filho?
__ Gente boa, mãe. Meio caladão. Gosta de ficar com um fone de ouvido o dia todo, mas é gente boa.
__ Não foi isso que perguntei filho. Perguntei se ele é bonito...
__ Ah, mãe, não acho homem bonito... mas a mulherada aqui acha, né... sabe como é: alto, forte, atleta... e agora campeão mundial...
__ Imagino...
__ Ele é o cara mãe...
__ Falar nisso, meu filho, já arrumou uma namorada nova?
__ Nada. Tá difícil mãe... Não tá chovendo na minha horta...
__ Imagino...
__ Difícil... Mas mantenho a esperança... Vou desligar... Tchau mãe...
__ Meu filho, já pensou em fazer natação?
__ É uma né...
__ Pois é...
__ Beijo mãe!
__ Beijo filho!
__ Mãe?
__ Oi, filho...
__ Já comecei a usar fone de ouvido...
__ É alguma coisa filho... Depois experimenta ficar mais caladão...
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__ Tchau mãe...