Era só um passeio no parque. Eu e
minha pequena de um ano e alguns meses. Nada demais. Pessoas caminhando,
correndo, andando de bicicleta. Passarinhos cantando, crianças gritando. A
mesma rotina de sempre num domingo comum de um parque qualquer.
Até chegarmos ao pequeno lago, onde
alguns patos, marrecos e gansos tentavam levar suas vidas com tranquilidade,
apesar das muitas pessoas ao redor. Ali, naquele pequeno lago, minha filha
ficou realmente interessada no passeio. Apontou seu dedinho na direção do lago
e disse na sua língua peculiar:
__ Dádádá!!! Inhainhinha!!!
Tchátchátchá!!!
Enquanto falava e apontava o dedo,
olhava para mim e para os bichos, com aquela cara que misturava surpresa, medo
e curiosidade. Paramos. Dois patos que caminhavam perto da gente, também
pararam.
Nisso, ela ficou um tempo olhando
com firmeza para os pequenos bichos, que também olhavam para ela. Para mim, era
o acontecimento mais banal da face da terra. Para eles, não.
Minha filha falou novamente, sem
tirar os olhos dos patos. Um deles, talvez o mais velho, também falou algo na
língua deles. Para o meu espanto, estava havendo ali uma espécie de comunicação
entre o pato e minha filha.
Eu que sou pós-graduado, tenho
carteira assinada e os impostos em dia, nada compreendia daquele momento. Minha
filha, que ainda não fala direito, não anda, não tem todos os dentes na boca,
compreendia tudo perfeitamente.
Naquele momento, percebi o quanto ainda
sou limitado e como uma criança é um ser mais evoluído que nós para os assuntos
da natureza. Para entendermos os mistérios da natureza, só mesmo com um coração
puro como o de uma criança.
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