sábado, 22 de março de 2014

Passeio no parque



            Era só um passeio no parque. Eu e minha pequena de um ano e alguns meses. Nada demais. Pessoas caminhando, correndo, andando de bicicleta. Passarinhos cantando, crianças gritando. A mesma rotina de sempre num domingo comum de um parque qualquer.
            Até chegarmos ao pequeno lago, onde alguns patos, marrecos e gansos tentavam levar suas vidas com tranquilidade, apesar das muitas pessoas ao redor. Ali, naquele pequeno lago, minha filha ficou realmente interessada no passeio. Apontou seu dedinho na direção do lago e disse na sua língua peculiar:
            __ Dádádá!!! Inhainhinha!!! Tchátchátchá!!!
            Enquanto falava e apontava o dedo, olhava para mim e para os bichos, com aquela cara que misturava surpresa, medo e curiosidade. Paramos. Dois patos que caminhavam perto da gente, também pararam.
            Nisso, ela ficou um tempo olhando com firmeza para os pequenos bichos, que também olhavam para ela. Para mim, era o acontecimento mais banal da face da terra. Para eles, não.
            Minha filha falou novamente, sem tirar os olhos dos patos. Um deles, talvez o mais velho, também falou algo na língua deles. Para o meu espanto, estava havendo ali uma espécie de comunicação entre o pato e minha filha.
            Eu que sou pós-graduado, tenho carteira assinada e os impostos em dia, nada compreendia daquele momento. Minha filha, que ainda não fala direito, não anda, não tem todos os dentes na boca, compreendia tudo perfeitamente.
            Naquele momento, percebi o quanto ainda sou limitado e como uma criança é um ser mais evoluído que nós para os assuntos da natureza. Para entendermos os mistérios da natureza, só mesmo com um coração puro como o de uma criança.



sábado, 1 de março de 2014

Fantasia de Carnaval


 
              No carnaval, é comum as pessoas se fantasiarem. Faz parte da tradição popular. Principalmente aqui no Brasil, onde somos bastante irreverentes, vemos de tudo: homens fantasiados de mulher, mulheres fantasiadas de homem, pessoas fantasiadas de políticos, de super-heróis, de personalidades, etc. Cada folião, por meio de sua fantasia, por mais simples que seja, mostra seu lado B, uma vontade, um desejo incontido.
 
              Eu também tenho minhas fantasias de carnaval. Pelo menos, as minhas vontades. Nesse carnaval, por exemplo, gostaria de sair de taxista. Como assim? Devem estar perguntando meus quatros leitores.
 
              Gostaria de ser um taxista de uma cidade grande, como São Paulo, Rio, BH ou Brasília. Explico. Taxista, numa cidade assim, deve receber todos os dias, o tempo todo, um sem número de matéria-prima para sua imaginação.
 
              Pelo táxi, devem passar as mais diferentes figuras da vida urbana: casais brigando, pessoas estressadas, com toques, falando muito, falando pouco, aquelas que contam suas vidas em minutos, as que pedem conselhos, as contadoras de casos, as engraçadas, as carentes. Uma infinidade de figuras!
 
              Um táxi é como uma mistura de um divã com um confessionário, ou seja, um parque de diversões para um cronista!
 
              Dentro de um táxi, o cronista nunca teria falta de assunto. A inspiração viria até ele, como um cão abanando o rabo atrás de carinho.
 
              Neste carnaval, quero ficar dentro de um táxi e alimentar minha imaginação de personagens reais e imaginários. Pois deles tanto gosto como tanto preciso.