quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Desejamos Feliz Natal, mas...



Desejamos Feliz Natal, mas não ajudamos o próximo que precisa de nós.

Desejamos Feliz Natal, mas somos irados no trânsito.

Desejamos Feliz Natal, mas adoramos levar vantagem em tudo.

Desejamos Feliz Natal, mas votamos nos mesmos políticos de sempre, aqueles que roubam a Petrobras, o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, a saúde, a educação, as estradas e a segurança.

Desejamos Feliz Natal, mas não conversamos com nossos irmãos, primos, tios, colegas de trabalho e vizinhos.

Desejamos Feliz Natal, mas destilamos nosso veneno contra os colegas de trabalho que vemos como obstáculos no caminho da nossa ambição de ter-poder-parecer.

Desejamos Feliz Natal, mas fazemos de nosso Natal um Natal de shopping centers com muitas compras, papais noéis, guirlandas, luzes e comidas.

Desejamos Feliz Natal, mas achamos que o Brasil é assim mesmo: uma nação sem solução.

Desejamos Feliz Natal, mas não visitamos creches carentes, asilos, hospitais nem cadeias.

Desejamos Feliz Natal, mas achamos que basta ir a Missa de vez em quando para sermos bons cristãos.

Desejamos Feliz Natal, mas condenamos aquele que teve a coragem de separar um casamento, enquanto mantemos o nosso que é apenas de aparências, mentiras e indiferença.

Desejamos Feliz Natal, mas reclamamos de tudo e de todos, como se fôssemos vítimas do mundo.

Desejamos Feliz Natal, mas compramos grandes carros e roupas caras, enquanto sete milhões de brasileiros passam fome.

Desejamos Feliz Natal, mas criticamos os pecados dos outros, enquanto escondemos os nossos.

Desejamos Feliz Natal, mas esquecemos do aniversariante Jesus Cristo e de tudo o que Ele nos ensinou.

Desejamos Feliz Natal tão cheio por fora, mas vazio por dentro.


Se quisermos desejar um Feliz Natal sem hipocrisia, precisamos deixar de lado nosso orgulho, vaidade e ambição para seguir os ensinamentos de Jesus Cristo proclamados no Sermão da Montanha (Mateus, cap. 5, 1-11), como este: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!

domingo, 23 de novembro de 2014

De azul!


 
Vinha dirigindo apressadamente e com a cabeça cheia de problemas. Dentro da normalidade dos nossos dias tão agitados. Parei num sinal de trânsito no Setor Policial e a fila de carros era grande. Estava estressado e resmunguei alguma coisa. Olhei para a rua e vi o artista que fazia sua performance naquele sinal. Que figura! O sujeito estava todo pintado de azul! Sapatos, calça, camisa, paletó, gravata, óculos, cavanhaque, chapéu e violão. Todo de azul. Fazia uma estátua azul por cima de um caixote com um violão nas mãos. Que criatura tinha ali na minha frente!

Fiquei olhando aquele sujeito ali se fazendo de estátua azul no sinal de trânsito de uma rua comum da Capital do Brasil e fiquei imaginando: o que passa na cabeça de um sujeito assim? O que ele pensa ao se vestir de manhã para mais um dia de trabalho? Será que ele sai animado de casa para trabalhar? Ou sai desanimado como a maioria de nós? O que ele fica pensando nos poucos segundos que vira estátua no sinal? O que ele pensa de nós que ficamos parados olhando para ele e rindo? Por que ele escolheu a cor azul? Tudo isso veio a minha cabeça naqueles poucos segundos parados no sinal.

Por sorte, não consegui passar na primeira abertura do sinal. Queria observar mais aquele cara. Fiquei torcendo para o sinal demorar ainda mais. Quem diria? Aquela figura me chamou muito a atenção. Poucos segundos antes do sinal abrir, o sujeito descia do caixote, tirava o chapéu da cabeça e passava com a boca do chapéu virada para cima pedindo uns trocados. Poucos davam, mas ele não desistia. Mantinha um sorriso no rosto, uma mão no peito, gestos educados e, logo o sinal fechava, voltava para cima do caixote e para sua posição de estátua. Passava o dia todo assim, sem desistir.

Quando chegou minha vez, surpreendi-me sorrindo, tirando uma nota de dez reais e dando para o artista, que arregalou os olhos e me devolveu um largo sorriso. Tive vontade de dizer algo, de puxar conversa, de parar, de saber mais sobre aquele sujeito, mas o carro de trás foi logo buzinando e tive de continuar meu destino, deixando o artista do sinal para trás.

Passei o dia refletindo: tenho carteira assinada, FGTS, plano de saúde, 13º salário e tantas outras vantagens de um emprego estável. Mesmo assim, questiono minhas escolhas todos os dias. E aquele artista de rua? Mesmo não tendo nenhuma dessas vantagens, todos os dias ele está ali, firme, educado, sorridente, esperançoso e de alto astral. Hoje saí de casa todo cinzento, enquanto o artista do sinal, sempre sai de azul. A partir de agora, acho que também vou procurar pintar minha vida de azul.
 

sábado, 8 de novembro de 2014

Com toda a certeza, eu acho



Sinto inveja daquelas pessoas que têm certeza de tudo. A convicção delas me incomoda. Quando vejo uma entrevista de um ator/cantor/escritor e ele vem com aquela frase: “sempre tive certeza do que queria ser”, sinto-me diminuído na minha total incerteza. E passo o resto do dia me perguntando: como eles conseguem ser tão convictos?

Já quis ser jogador de futebol, roqueiro e ator. Hoje, com toda a incerteza do mundo, quero ser escritor. Comecei faculdade de Engenharia Elétrica, mas acabei me formando em Processamento de Dados e em História. Como assim: Processamento de Dados e História? Pois é. Só não fiz Medicina Veterinária porque tenho medo de sangue. Para ser sincero, nunca tive certeza da minha vocação e, pelo jeito, nunca terei.

Tomar uma decisão sempre foi um drama para mim. Só tenho certeza de três coisas na vida: torço pelo Cruzeiro, gosto de mulheres e sou Católico. No mais, impera a dúvida. Vou ficar com esta namorada ou aquela? Fico nesta cidade ou me mudo? Fico neste emprego ou procuro outro? Tomo cerveja ou vinho? Chuto para o gol ou toco a bola de lado?

Nossa vida não permite ensaio. Estamos ao vivo o tempo todo e não teremos outra chance. É segurar o medo, tomar fôlego e mergulhar no escuro. Quando as decisões precisam ser tomadas e as dúvidas aparecem, costumo tomar a decisão de me mexer. Sem certeza alguma, prefiro tentar. É melhor errar tentando do que não tentar. Eu acho. Eu acho...

sábado, 25 de outubro de 2014

Desafinados no coro dos contentes - Kimkim



Amigos, deixo aqui um trecho do meu romance 'Desafinados no coro dos contentes', mostrando o artista de rua Kimkim se arrumando para sair de casa.
Espero que gostem! 
              


Dei uma olhada cuidadosa no espelho antes de sair. Cabelos compridos e desgrenhados, olhos penetrantes e expressão de maluco sem solução. Conferi meus adereços: capote azul, botinas velhas, urna vermelha de madeira, onde recebo meu salário, um cajado, para me proteger dos atrevidos e um malote de banco que uso como mochila nas costas, onde levo um livro, algo para comer e uma garrafa d’água. A urna também foi presente do Velho Zuza.

Principalmente, antes de sair, sempre confiro o mais importante que é a grande placa que vai pendurada ao pescoço, onde hoje se lia ao centro com letras maiores: “Dilma corta imposto da cesta básica, mas mantém as mamatas de Brasília”. Abaixo desse texto, sempre vem escrito com letras menores: “ajude o Kimkim com um pouco de seu dindin”. No canto esquerdo superior da placa, uma foto de Dilma com a faixa de presidenta da República. Abaixo os dizeres: “quero ser como ele”, com uma seta apontada para baixo, onde se vê uma foto de Lula também com a faixa de presidente. Abaixo os dizeres: “quero ser como ele”, com uma seta apontada para cima. No canto direito superior da placa, para onde aponta a seta de Lula, uma foto de Dom Pedro II com a roupa imponente de imperador do Brasil. Embaixo dessa foto os dizeres: “nunca serão!”.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

domingo, 28 de setembro de 2014

Chefe de Estado ou Chefe de Partido?




No atual sistema de governo vigente no Brasil, República Presidencialista, temos na pessoa do Presidente da República as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. O que vem a ser isso? Chefe de Estado é quem deve incorporar o espírito de nação para seu povo e perante o mundo. É o mais importante representante do país, aquele que deve legitimar o Estado. Chefe de governo é o responsável pela administração do Estado, exercendo o poder executivo. Acumulando as duas funções, o Presidente da República interfere diretamente em tudo, inclusive nas questões de luta política entre os diferentes partidos. Será que esse sistema está funcionando bem no Brasil?

O que temos hoje no Brasil, falando de governo, é uma situação lamentável, pois vivemos num dos países mais violentos, corruptos, tributados e injustos do mundo. Indicadores sociais, como educação e saúde, que deveriam ser de total responsabilidade do Estado, não funcionam. Nossa infraestrutura é péssima e o transporte público, caótico. Resumindo: os serviços públicos no Brasil são de péssima qualidade. Em termos de Estado, a situação é pior ainda, pois o que temos hoje no Brasil não é o que deveria ser um Chefe de Estado, mas apenas um Chefe de Partido. Os graves e importantes assuntos da nação (como as reformas política, tributária e judicial, entre outras) ficam para depois e o presidente da República está, única e exclusivamente, interessado em defender os interesses de seu partido, buscando se reeleger ou eleger um sucessor nos próximos quatro anos. Nosso Estado está completamente dominado pelos mesquinhos interesses partidários e não temos horizonte de mudanças, pois tanto o partido A quanto o partido B já foram testados e praticaram a mesma forma rasteira de política.

Existirá alguma alternativa para o nosso Brasil? Penso que sim. No meu ponto de vista, a alternativa vem de nossas origens: está na restauração da Monarquia Parlamentarista Constitucional. Alguns devem estar pensando que enlouqueci. Respondo que não e defendo meus argumentos. Em primeiro lugar, a Monarquia funcionou muito bem no Brasil. É só ler um pouco sobre nossa História. O Brasil imperial (1808 – 1889) era pacífico, progressista, estável e respeitado no mundo. Dom Pedro II foi um dos Chefes de Estado mais queridos e admirados de seu tempo. Antes de me criticarem, lembrem-se de que precisamos olhar para o Brasil do século XIX com os olhos naquele tempo e não com os olhos nos tempos de hoje. Ao contrário disso, nesses 125 anos de República, tivemos renúncias, impedimentos, suicídios, golpes de Estado e Ditadura Militar. Em segundo lugar, a Monarquia funciona muito bem nos tempos de hoje. Veja a lista dos países com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Entre os dez primeiros, lá estão seis monarquias: Noruega, Austrália, Holanda, Nova Zelândia, Canadá e Dinamarca. Poderia falar também de Inglaterra (14º), Bélgica (21º), Suécia (12º) e Japão (17º). E o Brasil? Vergonhosamente em 79º. Em terceiro lugar, um dos maiores problemas do Brasil atual são as disputas partidárias. Na Monarquia, o rei não tem partido. Ele está acima das disputas partidárias e atua com um papel de moderador. Em quarto lugar, o monarca, em condições normais, permanece por longo tempo, o que permite pensar políticas de longo prazo, como a educação. No atual sistema, é impossível pensar em longo prazo, se nossos políticos estão interessados somente nos próximos quatro anos. Em quinto lugar, a Monarquia é mais estável, pois o rei representa um símbolo de estabilidade, união e continuidade da Nação, sendo preparado desde sua infância para ser Chefe de Estado. Dessa forma, reduz em muito os riscos de o Estado cair nas mãos de aventureiros, como tanto acontece nas Repúblicas. Vejam a nossa que sempre foi um caso de instabilidade total. Poderia falar de outras vantagens da Monarquia Constitucional, mas vou parar por aqui. Já é o bastante para refletirmos.

Muitos podem ver a causa da restauração como verdadeira utopia. Assunto para historiadores malucos. Penso, porém, que precisamos discutir política todos os dias, não só nas eleições. Discutir e pensar alternativas para tirar nosso Brasil da lama em que estamos. Acho que precisamos “sair do quadrado”, olhar o mundo a nossa volta e pensar diferente. Nenhuma realidade é definitiva. O Brasil colônia não foi. O Brasil império não foi. Por que a República que nunca funcionou e não funciona no Brasil seria? Se uma situação está insustentável, temos o direito de pensar e fazer a mudança. Eu acredito na mudança. Eu acredito na restauração.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Amigos, prestigiem!
Vou participar com algumas das minhas poesias!
Abraços,



Quarta, 24 de setembro