sábado, 26 de outubro de 2013

Missão quase impossível


            Dias atrás passei por uma prova de fogo, por uma missão quase impossível, tomar conta sozinho de minha filha de oito meses por um dia inteiro. Isso mesmo, minha filha passou um dia comigo sem a presença da mãe. Missão quase impossível.

            Logo quando acordou e me viu, percebi que ela procurou por mais alguém, virando o rosto e olhando para todos os lados. Mas só viu o pai. Franziu a sobrancelha na hora e falou, olhando firme para mim:

            __ Dadada! Dadada!!

            O que entendi na hora:

            __ Não é a mamãe! Não é a mamãe!

            Claro que todos aqueles cuidados eram meus conhecidos: trocar fraldas, dar papinha, dar banho. Mas sempre com a presença, o monitoramento, a competência e a segurança da mãe. Sozinho e por conta de todo o trabalho de um dia, foi minha primeira vez.

            Quando minha filha acordou e me vi sozinho com tamanho desafio, confesso que tive medo.

            Primeiro desafio: trocar fraldas de xixi e as roupas. Apesar da falta de jeito e de costume, ficou toda bonitinha. Desafio vencido.

            Segundo desafio: dar papinhas de frutas e água. Comeu tudo e com gosto. Desafio vencido.

            Terceiro desafio: colocar para dormir pela manhã. Esse foi tranquilo. Passei minha mão no seu cabelo, uma, duas, três vezes. Pronto. Dormiu como um anjo. Desafio vencido.

            Assim o dia foi acontecendo. Em cada etapa cumprida, eu recebia um sorriso e um olhar doce, que valiam mais que o salário do Cristiano Ronaldo.

            Às vezes, minha pequena chorava sem motivo aparente. Nesses momentos, batia o desespero: será fome? Será sono? Dor de dente? O que será? Ai meu Deus, esse trenzinho não tem manual! Dois minutos depois, já estava sorrindo de novo, como se nada tivesse acontecido.

            Crianças são assim: choram sem razão e riem sem razão também. São imprevisíveis, simples, puras e diretas. São seres mais evoluídos que nós adultos. Elas não se preocupam com dinheiro, com uma promoção no trabalho, com contas para pagar, com a opinião dos outros. Elas só se preocupam com a nossa companhia. Querem a gente por perto. Querem receber carinho e atenção. O resto não importa para elas.

            Depois do almoço, quando já me sentia dono da situação, passei pela prova mais difícil. Minha filha franziu a testa, olhou para mim e disse:

            __ Dadada! Dadada!!

            Não precisou tradução. Entendi na hora:

            __ Chegou a hora da verdade! Vem ver o que eu fiz!

            Isso mesmo: ela tinha feito cocô.

            Fui lá com toda a coragem, enfrentei o complicado desafio e, apesar de tudo, venci novamente.

            Quando terminei de trocar sua fralda, recebi um sorriso que me disse tudo: minha missão daquele dia estava cumprida.

            Já fiz alguns trabalhos que me deram orgulho. Já venci desafios que me deixaram satisfeitos. Mas cuidar sozinho de minha filha e receber seu sorriso como recompensa, deixou-me muito mais do que feliz, orgulhoso e satisfeito. O sorriso da minha filha sempre lava meus pecados, revigora minha alma e sopra energia na minha vida.

            São essas pequenas vitórias que dão sentido a uma vida inteira. Ser importante para alguém, isso é o que importa.

 

Um comentário:

  1. hehehe.
    legal.
    olhaí o meu texto com um tema parecido.
    http://giovaniiemini.blogspot.com.br/2013/09/cama-mesa-e-banho.html

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