sábado, 28 de dezembro de 2013

Vamos!

                        Mais um ano se inicia, com aquele frescor das coisas novas, com aquele otimismo tão necessário. Como todo início de ano, vem com uma aura de divisor de águas, recheado de grandes esperanças.
                        O que desejar de um novo ano que começa: saúde, paz, felicidade e sucesso? Sim, tudo isto! Mas, vamos tentar um pouco mais na simplicidade de cada gesto?
                        Vamos buscar ser cada vez melhores em tudo. Para isso, vamos prestar mais atenção nos pequenos detalhes. São eles o que há de mais importante na vida!
                        Vamos amar mais, principalmente, amar o possível, ou seja, aqueles que estão mais perto de nós e que são o que de mais precioso existe em nossas vidas.
                        Vamos sonhar mais, sonhar sempre e sonhar todos os dias. Mais do que isto: vamos dar o primeiro passo. Cada dia do ano, fazer alguma coisa em favor de nossos sonhos.
                        Vamos fazer algo de bom todos os dias. Não precisa ser nada de grandioso. É melhor até que seja um gesto simples e silencioso. Mas que seja de coração aberto, sem a espera de recompensas.
                        Vamos prestar mais atenção no mundo a nossa volta. Muitas vezes ficamos maravilhados com o mundo da televisão e nos esquecemos de ver as grandes maravilhas que estão diante de nossos olhos.
                        Vamos ter os olhos bem abertos para a natureza. Vamos parar, olhar e escutar o bem-te-vi que canta próximo de nossa janela. Ele faz isso todos os dias e nós, muitas vezes, pensamos que a natureza está apenas lá na Amazônia.
                        Vamos praticar a caridade. O mundo é cada vez mais individualista e cruel. Vamos fazer a nossa parte por um mundo mais fraterno, justo e digno de todos. É preciso não esquecer nunca: somos todos iguais.
                        Vamos viver todos os momentos de nossas vidas como se fossem únicos, como se não fossem mais se repetir. A gente não sabe o dia de amanhã. Por isso, é tão importante viver o dia de hoje com o máximo de intensidade.
                        Vamos rezar mais. Vamos nos lembrar de Deus em todos os momentos, não apenas naqueles de desespero. Ele é o Senhor absoluto de nosso destino. Sem a Sua Divina Providência, nada conseguiremos.
                        Vamos ser mais otimistas. A vida é feita de desafios e dificuldades. Deixemos nossas queixas de lado. Quando a gente cai, é o momento certo de parar e sacudir a poeira, para depois seguir a nossa caminhada, de cabeça erguida.
                        Vamos ser mais criativos. Vamos buscar o novo. Vamos fazer diferente. A acomodação enferruja o homem. A criatividade o transforma.
                        Vamos brincar mais. A vida é muito curta. Vamos deixar um pouco de nossa seriedade de lado, em favor de mais alegria. A alegria é o sal da vida.
                        Vamos plantar árvores. Precisamos de mais verde. Vamos fazer a nossa parte pela salvação de todos nós. O planeta agradece.
                        Vamos ler mais. A leitura nos leva para mundos fantásticos. E nós precisamos tanto de mais fantasia em nossas vidas.
                        Vamos sorrir mais. O sorriso transforma o mundo e opera grandes maravilhas. Sorria sempre e faça o mundo a sua volta bem mais doce e feliz.
                        Vamos acreditar mais, lutar mais e conseguir mais. Vamos fazer do dia de amanhã melhor do que o de hoje. Dando um passo de cada vez, somos capazes de mudar o mundo.
                        Vamos?

sábado, 7 de dezembro de 2013

Edital do Concurso Público da Namorada Mineira

 
1       Das disposições iniciais:
1.1      A Sociedade Mineira dos Solteiros (SMS), em conjunto com o Movimento Machista Mineiro (MMM), estão promovendo o Concurso Público para escolha da Namorada Mineira, de acordo com o disposto neste Edital.
 
2       Das inscrições:
2.1      As inscrições podem ser feitas em saraus, cachoeiras, fazendas, bares, ou em qualquer outro lugar onde se possa ouvir música de qualidade e bater um bom papo. De preferência, as inscrições devem ser feitas em noites de lua cheia e de céu estrelado.
 
3       Dos requisitos:
3.1      Para ser namorada mineira, é condição fundamental que a mulher seja mineira, ou que, como tal se comporte;
3.2      Dessa forma, é preciso gostar do cheiro, do gosto e das coisas de roça: saber cozinhar num fogão à lenha, chamar as galinhas pelo nome, ordenhar vaca, andar a cavalo e fritar lambari. Além disso, é preciso saber, pelo menos, uns cinco causos de cor;
3.3      Gostar de pescar e saber subir num pé de jabuticaba ou de goiaba é bem recomendado;
3.4      Amar a poesia e saber alguns poemas de cor, também é recomendado. Mas, sobremaneira, é importantíssimo deixar que os olhos brilhem ao ouvi-los;
3.5      Gostar de boa música é de fundamental importância. Se a candidata souber tocar ou cantar, melhor ainda;
3.6      Gostar de conversar é essencial. Recomenda-se que se tenha um bom repertório, ou seja, que se fale de tudo, das coisas simples às mais sofisticadas, das reais às imaginárias;
3.7      Possuir sotaque mineiro e aquele jeito gostoso de falar é imprescindível;
3.8      Ser boa cozinheira, ter um tempero inconfundível e gostar de cozinhar são condições eliminatórias;
3.9      São qualidades fundamentais e sempre observadas: bom humor, paciência e sorriso fácil;
3.10   Ser católica e cultivar as tradições mineiras é requisito básico;
3.11   Ser romântica, espirituosa e sonhadora, também;
3.12   Ser perfumada, delicada e vestir-se com discrição também são importantes;
3.13   A beleza não é fundamental, mas um olhar encantador, um sorriso desconcertante, aqueles cabelos longos, lábios carnudos e um corpo perfeito, são critérios de desempate;
3.14   A mulher carinhosa tem dez pontos de frente em qualquer concorrência.
 
4       Das atribuições:
4.1      Para ser namorada mineira, é preciso ser apaixonada 24 horas por dia, 365 dias por ano, por toda a vida. E mesmo dormindo, a namorada mineira precisa ter aquele sorriso de mulher apaixonada;
4.2      Cozinhar para o namorado seus pratos prediletos;
4.3      Receber o namorado após o trabalho com um brilho nos olhos e um sorriso nos lábios;
4.4      Contar casos e piadas para alegrá-lo;
4.5      Surpreender o namorado com pequenas e valiosas provas de amor;
4.6      Ser uma amante carinhosa e nunca deixar o namorado perder a empolgação;
4.7      Ser amiga e confidente em todos os momentos.
 
5       Do salário e benefícios:
5.1      Como salário, receberá um amor sem medida por toda a vida;
5.2      Como benefícios adicionais, a namorada mineira tem direito a receber periodicamente poesias, cartas apaixonadas, cartões, flores, bombons, declarações exageradas e presentes;
5.3      Uma vez por ano ou em momentos especiais, receberá uma serenata.
 
6       Das provas:
6.1      As candidatas serão submetidas a dois conjuntos de provas: teóricas e práticas;
6.2      Provas teóricas: poesia, música, tradições mineiras e futebol;
6.3      Provas práticas: cozinha, sobrevivência na roça e demonstrações de carinho;
 
7       Do resultado:
7.1      O resultado será divulgado numa noite de lua cheia, num jantar a luz de velas, com acompanhamento de um grupo de seresta, num lugar encantado.
 
8       Das disposições finais:
8.1      A decisão final não permite recurso. As candidatas derrotadas não precisam nem tentar convencer o namorado mineiro, pois ele é totalmente fiel e se entregará por completo e por toda a vida à sua escolhida.
 

sábado, 26 de outubro de 2013

Missão quase impossível


            Dias atrás passei por uma prova de fogo, por uma missão quase impossível, tomar conta sozinho de minha filha de oito meses por um dia inteiro. Isso mesmo, minha filha passou um dia comigo sem a presença da mãe. Missão quase impossível.

            Logo quando acordou e me viu, percebi que ela procurou por mais alguém, virando o rosto e olhando para todos os lados. Mas só viu o pai. Franziu a sobrancelha na hora e falou, olhando firme para mim:

            __ Dadada! Dadada!!

            O que entendi na hora:

            __ Não é a mamãe! Não é a mamãe!

            Claro que todos aqueles cuidados eram meus conhecidos: trocar fraldas, dar papinha, dar banho. Mas sempre com a presença, o monitoramento, a competência e a segurança da mãe. Sozinho e por conta de todo o trabalho de um dia, foi minha primeira vez.

            Quando minha filha acordou e me vi sozinho com tamanho desafio, confesso que tive medo.

            Primeiro desafio: trocar fraldas de xixi e as roupas. Apesar da falta de jeito e de costume, ficou toda bonitinha. Desafio vencido.

            Segundo desafio: dar papinhas de frutas e água. Comeu tudo e com gosto. Desafio vencido.

            Terceiro desafio: colocar para dormir pela manhã. Esse foi tranquilo. Passei minha mão no seu cabelo, uma, duas, três vezes. Pronto. Dormiu como um anjo. Desafio vencido.

            Assim o dia foi acontecendo. Em cada etapa cumprida, eu recebia um sorriso e um olhar doce, que valiam mais que o salário do Cristiano Ronaldo.

            Às vezes, minha pequena chorava sem motivo aparente. Nesses momentos, batia o desespero: será fome? Será sono? Dor de dente? O que será? Ai meu Deus, esse trenzinho não tem manual! Dois minutos depois, já estava sorrindo de novo, como se nada tivesse acontecido.

            Crianças são assim: choram sem razão e riem sem razão também. São imprevisíveis, simples, puras e diretas. São seres mais evoluídos que nós adultos. Elas não se preocupam com dinheiro, com uma promoção no trabalho, com contas para pagar, com a opinião dos outros. Elas só se preocupam com a nossa companhia. Querem a gente por perto. Querem receber carinho e atenção. O resto não importa para elas.

            Depois do almoço, quando já me sentia dono da situação, passei pela prova mais difícil. Minha filha franziu a testa, olhou para mim e disse:

            __ Dadada! Dadada!!

            Não precisou tradução. Entendi na hora:

            __ Chegou a hora da verdade! Vem ver o que eu fiz!

            Isso mesmo: ela tinha feito cocô.

            Fui lá com toda a coragem, enfrentei o complicado desafio e, apesar de tudo, venci novamente.

            Quando terminei de trocar sua fralda, recebi um sorriso que me disse tudo: minha missão daquele dia estava cumprida.

            Já fiz alguns trabalhos que me deram orgulho. Já venci desafios que me deixaram satisfeitos. Mas cuidar sozinho de minha filha e receber seu sorriso como recompensa, deixou-me muito mais do que feliz, orgulhoso e satisfeito. O sorriso da minha filha sempre lava meus pecados, revigora minha alma e sopra energia na minha vida.

            São essas pequenas vitórias que dão sentido a uma vida inteira. Ser importante para alguém, isso é o que importa.

 

sábado, 28 de setembro de 2013

Menos fast, mais slow


              Você chega ao fim do dia com aquela sensação de que seu dia foi improdutivo. Lá pelas dez da noite você joga os braços para cima, solta um palavrão e diz chateado: poxa, não fiz nada que programei hoje.
              Calma, amigo. Isso é a coisa mais normal do mundo. Acontece com você, comigo, com seu chefe, com aquele seu colega ao lado que parece tão bom de serviço e com quase todos nós, sufocados pelos tantos estímulos e compromissos dos tempos modernos.
              Você olha ao redor e tem a frustrante sensação de que todas as pessoas parecem mais produtivas, mais resolvidas e com mais tempo que você. Bobagem. Estamos todos sofrendo com a falta de tempo. Falta de tempo é o grande mal dos nossos dias.
              O que fazer para sermos mais produtivos? O que fazer para fazermos mais?  O que fazer com nossas míseras 24 horas por dia? O que fazer?
              A solução talvez esteja em aceitar que somos imperfeitos, que não temos como abraçar o mundo. Como dizia Raul Seixas: “Saber que é humano, ridículo, limitado, que só usa dez por cento de sua cabeça animal...”
              Tomar consciência de nossas limitações já é um ótimo começo. O próximo passo, como sugestão, é ir na contramão do mundo: vamos ser mais lentos. Isso mesmo: vamos fazer as coisas mais devagar, com calma, com mais carinho, atenção e paciência. Menos fast, mais slow.
              Estamos muito rápidos, impacientes e superficiais. Vamos buscar ser mais lentos, pacientes e profundos.
              No fim do dia, quem sabe teremos a tranquilidade de dizermos a nós mesmos: fiz tão pouco hoje. Mas o pouco que fiz, foi bem feito. Assim, daremos um sorriso de autoconfiança e dormiremos com a sensação de dever cumprido.

sábado, 3 de agosto de 2013

O pregador

            Num dia de semana comum, no horário de almoço, estava lendo um livro na pracinha do Setor Comercial Sul. Costumo ficar ali, concentrado na leitura. Concentrado é maneira de dizer. O cronista nunca está 100% concentrado. Está sempre com um olho no gato e outro no prato.
            Distraído na leitura, aproveitava para observar o movimento agitado de um dia de semana. Muita gente passando, algumas pessoas conversando, outras sentadas. Tudo na maior normalidade na Capital do Brasil.
            De repente, um grito vindo do nada me assustou:
            __ O senhor é meu pastor e nada me faltará!
            Olhei espantado e vi, ao meu lado, no meio da praça, um pregador. Impressionante! Parece que ele apareceu ali do nada, como um relâmpago. Bíblia na mão, paletó, gravata, sapato impecável, cabelo com gel e sem barba. O sujeito tinha caprichado no visual e parecia muito motivado.
            __ Mude de vida enquanto há tempo!
            Fiquei observando aquele espetáculo. Algumas pessoas foram chegando. Muitos passavam rápido. Outros paravam para ouvir. Uns riam. Outros abanavam a cabeça. Alguns até prestavam atenção.
            __ Mude agora porque o tempo está chegando! Jesus está voltando!
            Ele gesticulava. Levantava os braços. Agitava todo o corpo. Girava com um pé só no chão. Sua voz era rouca e seus olhos, de fogo. O suor escorria pelo rosto. Parecia em transe.
            __ Sua vida não pode continuar assim! Você está em pecado! Tudo precisa mudar!
            Fechei o livro. O sujeito parecia falar para mim. Olhei para os lados. Acho que alguém me olhava de rabo de olho. Engoli em seco.
            __ Egoísmo! Orgulho! Vaidade! Luxúria! Mentira! Saia dessa vida! Saia dessa vida! Saia agora!
            De repente, ele girou na ponta do pé e parou olhando firme para mim, com aqueles olhos terríveis de fogo e um dedo apontado na minha direção.
            Senti minha orelha esquerda queimando e minha boca seca. Uma gota de suor desceu pela minha testa.
            Quando ele virou de costas para mim, não pensei duas vezes, saí sem olhar para trás, antes que as coisas piorassem.
            No caminho, voltando para o trabalho, refleti sobre tudo aquilo e tomei uma firme decisão: hoje mesmo, quando voltar para casa, vou tomar uma cerveja.

sábado, 29 de junho de 2013

O que faz você feliz?


                        O que faz você feliz? Esta pergunta é de um inteligente comercial de TV. Como são criativos os nossos comerciais de TV! Há aqueles que são até melhores que os programas! Ficamos ali esperando ansiosos que o programa acabe e venha, enfim, os comerciais! Mas será que paramos um minutinho só para pensar numa resposta. O que faz você feliz? A pergunta parece até ingênua, de tão simples. A resposta será tão simples?
                        A nossa felicidade estará mesmo ali no mundo mágico dos comerciais de TV? Não é tão fácil ser feliz nos padrões comerciais. Neles, todos são lindos, fortes, inteligentes, famosos e ricos. O padrão de felicidade dos comerciais é megalomaníaco! Para eles, não basta que você seja bonito, mas é urgente que você seja “tão irresistível quanto o chocolate”. Não basta que você tenha saúde, seu corpo precisa ser perfeito, como se fosse possível. Não basta que você seja inteligente, você precisa ser um gênio, como se fosse fácil. Não basta que você tenha um bom emprego, você precisa ser milionário. Como se fosse realmente necessário.
                        Os nossos valores são estes? Será que precisamos mesmo do último modelo de tal marca de veículo para sermos de fato felizes? Ou basta apenas termos um bom carro que nos transporte com segurança e conforto para onde for necessário? Será que precisamos conquistar as mais belas mulheres do mundo para sermos homens felizes? Ou basta apenas que conquistemos a mesma mulher várias vezes na vida? Precisamos de milhões, ou basta vivermos em harmonia conosco, com a família, com os outros e com Deus?
                        O que eles querem de nós? Satisfazer as nossas necessidades ou instigar em nós desejos insaciáveis de consumo? É sempre bom voltarmos à pergunta inicial: o que faz você feliz? É acumular e acumular e acumular cada vez mais bens, como se pudéssemos levá-los conosco? É conquistar cada vez mais mulheres, como os artilheiros buscam os gols, muitas vezes em detrimento do sucesso de seu time? É o poder que faz você feliz? Será a fama? Então, o que faz você feliz?
                        Diante disso, será que os pobres, os feios, os deficientes e os anônimos batalhadores da vida nunca são felizes? Talvez, sejam até mais felizes que aqueles dos comerciais da TV. Olhemos com os olhos da simplicidade e vejamos: a felicidade não está em sermos lindos, mas amados. Ela não está em sermos famosos, mas cercados de amigos. Não está em sermos ricos, mas importantes para os outros. Cada um de nós tem uma régua de felicidade, só nossa, pois Deus em sua infinita sabedoria nos fez únicos. A felicidade é um estado de espírito. O mundo é exatamente do jeito que o vemos. Definitivamente, não precisamos que os outros nos mostrem o que é preciso para sermos felizes. Dentro de nossos corações, está a resposta. Talvez, a alegria da luz do sol já nos basta. Quem sabe a importância de um passo a frente seja a nossa vitória. Tomara que a harmonia de uma boa música nos faça sonhar.
                        E aí, amigo: o que faz você feliz?
 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Amigos,
Abaixo, o link da minha entrevista no Programa Iluminuras da TV Justiça, exibida em 10.05.2013.
Abraços,

http://www.tvjustica.jus.br/index/ver-detalhe-programa/idPrograma/212899/youtubeid/kJYGREp5a6E

domingo, 19 de maio de 2013

O poder de um sorriso

Meus quatro diletos leitores: na privilegiada condição de poeta, confesso aqui minha fraqueza e dependência diante da força irresistível de um belo sorriso. Por causa da beleza dos sorrisos das mulheres, já me apaixonei muitas vezes, perdi a cabeça e fiz loucuras tantas. Um belo sorriso de mulher comove o meu coração.
            Nos últimos dias, novamente, estou apaixonado pelo sorriso de uma mulher. E quando estou assim, meu mundo inteiro para. Fico em êxtase e sinto-me forte o bastante para realizar todos os meus sonhos: os reais e os imaginários. Nesses dias em que assim estou, nada me limita, me entristece ou me detém. Eu sou infinito na luz de um belo sorriso.
            Quando estou diante da beleza desse sorriso, tenho vontade de chorar, de sorrir, de cantar, de sair voando. Diante dele, ajoelho-me, levanto os olhos para o céu e agradeço o meu privilégio.
            A mulher que me provoca esse arrebatamento não precisa dizer nada. Basta-me seu olhar, basta-me seu sorriso, para que eu tenha certeza que é definitivo, que serei por ela sempre apaixonado e que farei tudo, hoje e sempre, para merecer seu sorriso.
            A mulher que me deixa assim e que me apaixonou à primeira vista, não tem ainda sequer quatro meses, mas já me conquistou para todo o sempre. O sorriso de minha filha lava todos os meus pecados e faz de mim, antes fraco e limitado, o homem mais renovado, feliz e completo do mundo.

sábado, 27 de abril de 2013

Seu rosto visto de costas


Você que está na correria da estação do metrô, pode olhar.
Você que está no banco da praça, vendo o movimento da rua agitada, também pode.
Você que está na fila do banco, pensando nas suas contas para pagar, olhe também.
Pessoas de todo o mundo, não tenham vergonha: bundas foram feitas para serem vistas.
Afinal, de nada valeria toda a produção, as horas perdidas nas academias, se as bundas não fossem admiradas, queridas e desejadas.
Drummond, certa vez, disse num poema:
“Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se.”
Mais do que isso, acredito que uma bunda diz muito de seu dono. O caráter de uma pessoa pode ser perfeitamente identificado por sua bunda. Podem estar certos do que vou dizer: sua bunda fala muito de você.
Há pessoas de bunda murcha, sem expressão, caída. São pessoas sem confiança, desanimadas, tristes com a vida.
Por outro lado, há pessoas de bunda empinada, chamativa, fazendo um ângulo perfeito com o início das costas e o fim das pernas. Tenho certeza: foi daí que o Niemeyer tirou a feliz ideia para suas famosas colunas. Pessoas assim são decididas, cheias de si, com a autoestima a todo vapor.
Há pessoas de bunda discreta, que tem potencial, mas que procuram não demonstrar. São as pessoas acima da média. Bem sucedidas profissionalmente e reconhecidas por sua inteligência. Mas com uma qualidade ainda maior: a simplicidade.
Há pessoas com a bunda bonitinha, perfeitinha, não muito grande, mas que temos a vontade irresistível de morder na hora que vemos. São pessoas carismáticas, doces e envolventes.
E por aí vai. Cada bunda é um rosto visto de costas.
Não tenham vergonha: procurem observar ainda mais as bundas, todas que puderem. Cada bunda traz a sua surpresa.
Tirem a prova do que estou falando, olhar para as bundas alheias faz bem.
 

domingo, 14 de abril de 2013

Ouro de Tolo


OURO DE TOLO
 
Raul Seixas dizia, com uma sabedoria cortante, em sua bela letra ‘Ouro de Tolo’:
“É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...”
É difícil dizer qualquer coisa de útil depois das palavras do velho Raul. Mesmo assim, vou cometer tal atrevimento.
Todos nós sabemos que somos limitados, falíveis e mortais. Mas muitos de nós nos esquecemos disso e nos comportamos, pelo contrário, como se fôssemos ilimitados, infalíveis e imortais. Enfim, nos achamos perfeitos.
E para reforçarmos nossa iludida perfeição, atacamos os supostos defeitos dos outros de forma implacável:
“Ele é careca”
“Ela fala tudo errado”
“Ela chega atrasada”
“Ele usa meias coloridas e, portanto, é viado”
Ele é ruim de serviço
Etc e tal
Mas não somos capazes de ver as nossas fraquezas, limitações e falhas. Nunca olhamos nosso espelho com a sinceridade que julgamos.
Jesus, com mais sabedoria ainda, disse: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?” Mateus 7,3.
Perdemos tanto de nosso precioso tempo procurando defeitos nos outros. Seria muito mais útil se usássemos esse mesmo tempo para procurar os nossos defeitos e tentarmos acabar com eles.
Diz a lenda que César, grande imperador de Roma, quando voltava de suas vitoriosas campanhas militares, sempre desfilava pelas ruas de Roma para ser aplaudido pelo povo. Era o seu grande momento de glória. Mesmo assim, para evitar os perigos da vaidade exagerada, tinha consigo sempre um criado que ficava soprando aos seus ouvidos: você venceu, mas você é careca, é feio e vai morrer.
Não temos como saber se isso é verdade, mas como seria bom se tivéssemos, também, alguém parar falar assim com a gente, para que a gente entenda que não somos perfeitos e que da mesma forma ninguém pode ser. Perfeito, só Deus. Só Deus...
A vaidade é ouro de tolo. Não tem valor algum. Não é boa, nem verdadeira, nem justa. A vaidade nos vence por dentro.
Vamos nos preocupar com a vida e com o que ela tem de bom.
O resto é só ouro de tolo...

sábado, 6 de abril de 2013

Ser pai

 
            Vou falar de um assunto bastante comum à maioria das pessoas. Mas que para mim, tem sido uma grande novidade: ser pai. Ser pai pela primeira vez! Pode soar batido, mas é a maior emoção da minha vida! Principalmente, quando esse pai aqui é um filho único, não acostumado com a rotina dos bebês. Estou vivendo um universo novo, de grandes aprendizados, emoções e descobertas.
            Gente, nada nesse mundo pode ser maior do que chegar a minha casa cansado de um dia de trabalho e ser recebido com um olhar decidido de um bebê, que me olha com a maior concentração, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo. E depois desse olhar, vem um sorriso capaz de limpar todas as minhas angústias, mágoas e preocupações. Um sorriso que me faz criança de novo.
            Depois desse sorriso, essa criaturinha de não mais de cinco quilos, faz caras e bocas, mexe as pernas e os braços e me hipnotiza de uma maneira que nem sei explicar. O que sei é que diante desse sopro de vida, tão frágil, tão puro, tão simples, eu me sinto a pessoa mais forte e feliz do universo.
            E aquele homem que achava que sabia muitas coisas, graduado, pós-graduado, etc e tal, se vê diante de tarefas tão simples (ao mesmo tempo tão complicadas) como dar banho, trocar fraldas, trocar roupas, botar para arrotar, ninar e cantar músicas infantis. São essas tarefas simples que não movem a máquina do mundo e que não geram lucros, mas que agora são as minhas mais importantes, as que têm de ser realizadas no exato momento, pois o meu bebê não pode esperar e ele, agora, é a razão de tudo.
            E quando menos espero, vem um choro desesperado, como se o mundo estivesse acabando. E eu, pobre homem-maduro-menino-inexperiente fico sem saber o que fazer. Mas do nada, ela para, olha para mim, sorri e o meu mundo todo é dela. Pois nada nessa vida pode ser mais importante que o sorriso de uma criança.
            E o meu tempo, tão valorizado, tão aproveitado, tão cheio de mil tarefas, não é mais meu. Existe alguém que sem dizer qualquer palavra manda no meu tempo. Alguém que tem o seu próprio tempo e resolve acordar às duas horas da madrugada para descobrir o mundo, que nesse caso é só um pequeno apartamento e alguns modestos quadros, que ela olha como uma especialista no assunto, com a curiosidade dos grandes artistas. E ai de mim se demonstrar cansaço e procurar um lugar para sentar. Ela quer descobrir o mundo, pois sua energia está a mil, às duas horas da madrugada.
            Mas quem aqui se importa com as noites mal dormidas, se há sorrisos tão belos, pequenos gemidos, suaves gestos, olhares encantadores, um gostoso cheiro de vida nova, que me recompensa por todo o esforço. Afinal, o tempo passa tão rápido e não volta mais. Eu quero, preciso e vou aproveitar todos esses momentos, pois o contato com minha filha é o maior de todos os presentes de Deus. E essa fantasia toda de ser pai está apenas começando...
 

sábado, 16 de março de 2013

Habemus Papam

                        Elegeram o novo papa. Depois de tanta expectativa, o novo papa não é brasileiro, mas argentino! Foi escolhido o cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, que passará a ser chamado de papa Francisco.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos incomodados, pois essa Terra de Santa Cruz é o maior país da América Latina e uma das maiores economias do mundo.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos tristes, pois o Brasil tem as mais belas praias, a maior biodiversidade e a cultura popular mais rica do mundo.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos desanimados, pois esse Brasil teve o privilégio de ser sede de uma monarquia europeia (fato único no mundo) e teve um rei, Dom Pedro II, nascido em nossa terra, amado pelo povo, respeitado no mundo, considerado o rei-filósofo e o mais ilustrado governante do século XIX.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos de cabeça baixa, pois essa Terra de Santa Cruz teve no século XX um outro rei, um rei menino, um rei negro, um rei Pelé, incomparável, atleta do século e maior jogador de futebol de todos os tempos.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos irritados, pois esse Brasil venceu cinco copas do mundo de futebol e vai sediar a próxima, em 2014.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos com inveja, pois o Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos sem nosso sorriso, pois foi um filho dessa terra, Santos Dumont, que fez o homem voar.
                        O papa é argentino, mas não percamos a esperança, pois esse Brasil teve Villa-Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim, Roberto Carlos, Milton Nascimento, Caetano, Chico e tantos outros.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos chateados, pois nós tivemos também, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Carlos Drummond, Vinícius de Morais e tantos outros.
                        O papa é argentino, mas não fiquemos tristes, pois essa Terra de Santa Cruz é o maior país católico do mundo.
                        O papa é argentino, logo um argentino... Mas e daí, gente? O chefe dele (Deus), todos nós sabemos: é brasileiro!
 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Nunca mais sereremos os mesmos


Um bebê no meu colo

Sangue de meu sangue

Abrindo os olhos

Mexendo os braços

E as pernas

Apresentando-se à vida

E conhecendo o mundo

 

É o milagre da criação

Que se impõe

Com delicadeza

Com fragilidade

Com a força de uma nova vida

Que a natureza ensina

 

Um bebê nos braços da mãe

Olhos nos olhos

Cumplicidade absoluta

Uma pequena boca

Sugando a vida

Os olhos sempre na mãe

O retrato mais belo do amor

 

Diante destes pequenos olhos

Curiosos de vida

Ficamos transformados

Em pessoas melhores

Ternas, belas, felizes e completas

Nunca mais seremos os mesmos

 
 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A moça do cupido vermelho

            Saí atrasado para o trabalho. Tem dia que fazemos tudo igual e nos mínimos detalhes, mas mesmo assim, algo dá errado e a gente sai de casa atrasado.
            Pior ainda: saí de casa sem livro. Nenhum livro! Sair de casa atrasado ainda vai. Mas sem um livro sequer é muito complicado para mim.
            Enfrento a loucura no metrô numa boa, desde que esteja acompanhado de um livro. De mãos e cabeça vazias, sou muito impaciente.
            No metrô lotado, estava inquieto e inconformado com tudo: calor, excesso de gente, odores desagradáveis, pessoas feias, empurra-empurra e muita reclamação.
            Tudo me incomodava bastante naquela manhã complicada e sem a companhia imprescindível de um livro amigo.
            Para piorar meu começo de dia, bem na minha frente, havia uma moça lendo um livro na maior concentração e deleite. E eu ali sozinho, triste, indignado e sem nada nas mãos. Nada que me tirasse daquela realidade mesquinha.
            Tentei descobrir o que aquela moça com vestido florido lia com tanta atenção. Mas não conseguia ver a capa do livro, por mais que me esforçasse. Só conseguia ver seus cabelos ruivos, bem cuidados e curtos. Nas suas costas peladas, havia uma pequena, provocadora e bela tatuagem de um cupido vermelho.
            A moça estava tão concentrada na leitura que mal consegui ver seu rosto colado às páginas brancas do livro. Não tive como ver se era bonito. Os cabelos sobre a testa não deixavam. Mas os ombros pelados, o pescoço delicado e os cabelos ruivos eram de uma beleza singular.
            Na tentativa desesperada de ver a capa do livro, consegui ler uma frase solta: “Entre parnasianos e extraterrestres”. Outra esticada de pescoço e mais uma frase solta: “Há empresários que nos jornais dizem cobras e lagartos”. Nada que sinalizasse um livro de poesia. Mesmo assim, a moça parecia encantada na sua leitura.
            Não conseguia ver a capa do livro. E minha curiosidade foi só aumentando. Com o passar da viagem nem só a capa do livro me interessava. Confesso que buscava, mais do que o livro, ver o rosto da moça do cupido nas costas.
            Nesta brincadeira de esconde-esconde fui me esquecendo dos problemas iniciais da viagem. Digo até que cheguei a pensar que o metrô estava indo rápido demais. Mais rápido do que precisava. Mais rápido do que queria. Tão rápido que a estação final chegou muito cedo para a moça do cupido vermelho.
            Antes de descer e sumir na multidão, fui surpreendido com um olhar e um sorriso tão belos quanto uma singela batida de asas de um beija-flor azul. E numa fração de segundo de uma batida de asas de um beija-flor, a moça virou-se e fiquei somente com o brilho do cupido vermelho que foi sumindo na multidão cinza da estação.
            Passei o dia fora de minha realidade, embevecido pela mais pura fantasia. Buscando em outros ombros nus a tão poética visão de certo cupido vermelho.