terça-feira, 11 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Humanos demais


                        Não se case com um escritor. É difícil para mim ter que dizer isso com esta sinceridade toda. Mas vou logo avisando: escritores são seres comuns no seu cotidiano, com todas as suas qualidades e defeitos. Não crie tantas expectativas, pois eles são humanos demais, como o seu primo deitado no sofá com a boca aberta ou como o seu pai que não para de reclamar da vida, do governo, do time e das músicas atuais.
                        Escritores são desorganizados demais. Espalham coisas pela casa inteira, principalmente, livros e papéis. Muitos e por todos os lados. E não deixam que você, zelosa esposa, tente organizá-los. O escritor tem o seu próprio método de organizar, que parece não ter a mínima lógica para os outros. E odeiam que os outros mexam em seus papéis. A aparente desorganização tem um sentido de organização, entendida apenas pelo próprio escritor.
                        Escritores são intensos demais. Vivem sempre na frente do gol, naquele momento último entre a glória e o fracasso. Suas variações de humor vão da euforia a tristeza total em questão de minutos, sem escalas nem avisos. O escritor é uma montanha russa de sentimentos. Não existe calmaria no convívio com ele, mas picos de sentimentos. Viver com um deles, é viver em fortes emoções, para o bem e para o mal.
                        Os escritores, principalmente os poetas, não são poetas o tempo inteiro. Sinto frustrá-la, querida leitora, na sua bela e inocente admiração por nós poetas. Mas os poetas têm suas angústias, suas frustações e suas inseguranças. Eles também precisam pagar suas contas. E por isso, têm momentos de stress e de mau humor. Ás vezes, ainda, têm chulé e caspas. Sentem preguiça, falam português errado e gritam palavrões. Podem acreditar, de perto nem os poetas escapam.
                        Mesmo assim, os escritores têm lá as suas vantagens. Principalmente para aquelas que apreciam a sensibilidade masculina. São capazes de desvendar seus mistérios e de entender seus sonhos mais secretos. Mas não são perfeitos. Apesar de alguns mais vaidosos acharem que sim. Vaidade, tudo são vaidades. Os escritores são humanos demais. Se quiser se arriscar a se casar com um deles, a decisão é sua, querida leitora. E depois, não diga que não avisei.