sábado, 6 de agosto de 2011

Um jogo para a História


Eu vi Santos e Flamengo, na semana passada.
Eu tive este privilégio!
Santos e Flamengo não fizeram um simples jogo de futebol. Eles deram um espetáculo, com todos os ingredientes do bom futebol: habilidade, raça, dribles, emoção, fantasia, surpresa, heróis, vilões e gols, muitos gols.
De um lado: Neymar, Ganso e companhia.
De outro: Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e companhia.
Com certeza, o que há de melhor hoje no futebol brasileiro. Com tantos craques em campo, este jogo prometia!
Mas eu que naquela noite, já tinha assistido a vitória magra de 1x0 do Atlético MG sobre o Fluminense, além de ter ouvido o meu Cruzeiro perder de 2x0 para o fraco Atlético GO, já estava cansado de futebol ruim. Pensei comigo: “vou assistir só o começo do jogo e vou dormir”. Mas este jogo começou alucinante e eu fui adiando o meu sono.
Já no começo, Borges fez um zero. Pensei: “vou ficar mais um pouco”.
Logo depois, Neymar deu um passe de bicicleta e Borges fez 2x0.
Isso mesmo: Neymar deu um passe de bicicleta. Eu nunca tinha visto nada igual.
Estava iniciado o espetáculo.
Mas isto era só o começo.
Dez minutos depois, Neymar fez um lance impressionante, que eu não consigo descrever em palavras. Talvez, seja trabalho para um Drummond, um Armando Nogueira ou um Nelson Rodrigues. Só mesmo vendo. Neymar fez um gol de Pelé, na casa de Pelé!
Naquele momento, o Flamengo parecia acabado.
Mas o Flamengo tem Ronaldinho Gaúcho. E quem tem Ronaldinho Gaúcho em campo, nunca está entregue. Três minutos depois, ele diminuiu o placar: 3x1. E saiu com a bola debaixo dos braços, como que dizendo: o jogo ainda não acabou.
E o Deivid ainda conseguiu perder um gol inacreditável, sem goleiro.
Mas logo depois, Thiago Neves fez mais um: 3x2.
O jogo estava quente, muito quente. E para esquentar mais ainda, o jogo precisava de um vilão. Todo espetáculo tem o seu vilão. Foi o que aconteceu. Neymar disparou pela ponta esquerda e sofreu pênalti. Elano pegou a bola para bater. E bateu com displicência, com uma cavadinha no estilo Loco Abreu. Felipe defendeu na maior tranquilidade e ainda fez embaixadinhas.
Isso mesmo: o goleiro do Flamengo defendeu o pênalti e saiu fazendo embaixadinhas. Eu também nunca tinha visto nada igual!
Realmente, diante de tão grande espetáculo, eu não podia ir dormir.
O Santos poderia ter feito 4x2 e matado a reação do Flamengo. Mas não fez e o Flamengo empatou com um gol de Deivid no fim do primeiro tempo, escorando de cabeça uma cobrança de escanteio.
Fim do primeiro tempo: Santos 3 x 3 Flamengo. O espetáculo poderia acabar ali e já entraria para a história. Mas ainda tinha todo um segundo ato deste espetáculo pela frente. E ele prometia muito.
O segundo tempo começou quente como o primeiro e logo no começo, Neymar fez mais um belo gol, invadindo a área e tocando com leveza por cima do goleiro: 4x3.
O jogo continuou agitado e aos 22 minutos do segundo tempo viria a marca do herói. Ronaldinho Gaúcho recebeu pela ponta direita, deu um drible desconcertante e iria fazer um golaço, mas sofreu falta. Muita gente pensou: que pena, ele iria fazer um golaço. Mas a surpresa maior estava por vir: na cobrança da falta, quando a barreira pulou, Ronaldinho tocou fraquinho, por baixo dela, no cantinho do goleiro, que nem se mexeu. Outro golaço, com a marca surpreendente de um gênio: Ronaldinho Gaúcho! 4x4!
E ainda teve tempo para mais. Aos 36 minutos do segundo tempo, num contra-ataque, Ronaldinho invadiu a área e fez o seu terceiro gol, dando números finais ao espetáculo: Santos 4 x 5 Flamengo!
Neste jogo, não importa quem venceu. Venceram os dois times. Venceu o futebol brasileiro. Venceu a magia do futebol que encanta o mundo inteiro.
Para quem dizia que o futebol arte brasileiro estava acabado e que o Brasil estava vivendo uma entressafra de craques, este jogo deu a resposta.

O Brasil foi, é e sempre será o país dos craques de futebol. Em nossos campos, sempre haverá espaço para os dribles de garrincha, as tabelinhas de Coutinho e Pelé, a habilidade de um Alex, as cobranças de falta perfeitas de um Zico, a inteligência de um Tostão, os gols de um Romário, as jogadas surpreendentes de um Ronaldinho Gaúcho, a genialidade de um Pelé.

Foi um espetáculo. Foi uma virada histórica. Foi uma beleza plástica para os olhos e corações que amam o futebol.

Foi um grande encontro de reis na casa do maior de todos os reis.

Fui dormir uma noite de sonhos.

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