sábado, 28 de maio de 2011

A força do silêncio

Outro dia, conversando com uma amiga, perguntei: “conhece os Engenheiros do Hawaii?” Ao que ela me respondeu: “não conheço. Não é de meu tempo.” Para piorar, ainda emendou: “Mas Luan Santana, eu conheço!” Fiquei chocado. A nossa diferença de idade nem é tão grande assim, mas Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, não são do tempo dela. Do tempo dela são: Luan Santana, Reginho e Banda Surpresa, Parangolé, Banda Calypso, Bruno e Marrone, além de todos os MC´s do funk e as duplas sertanejas que andam por aí, empobrecendo nossa música e poluindo nossos ouvidos.


Vejam que nem falei da tão rica MPB, de Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil e tantos outros. Não falei de música clássica e nem dos grandes nomes do rock internacional. Não precisava e nem valia à pena. Certamente, também não são do tempo dela.

Sou da geração X, como dizem os estudiosos do assunto, pois nasci antes de 1980. Minha interlocutora é da geração Y, nascidos entre 1980 e 1995. Portanto, não estou falando de uma diferença de 50 anos, mas apenas de uns cinco ou seis. Mesmo assim, apenas no conceito musical, a diferença entre nossas “gerações” é assustadora. A nova geração não quer saber de letra. A nova geração não quer saber de música. Sinceramente, não sei o que as gerações Y e Z (nascidos pós-1995) procuram numa música. Será um refrão fácil? Será o escândalo? Será o emburrecimento? Minha capacidade de abstração não consegue entender.

Evidentemente, não estou generalizando. Em toda regra, claro, existem exceções. Entre os mais velhos, existem os que gostam do que está sendo tocado hoje. E entre os mais jovens, felizmente, existem os que gostam da boa música “velha”. Mas é preocupante o momento atual de nossa tão rica música brasileira. Entre numa loja de discos, ouça uma rádio popular, fique até tarde numa festa e você vai compreender a minha preocupação.

Não vou me estender muito neste assunto. O caso é polêmico demais. É como areia movediça, que quanto mais você entra, pior fica a sua situação. Afinal, gosto cada um tem o seu. Além disso, a sabedoria popular nos ensina que não devemos entrar em assuntos muito passionais, como futebol, política, religião e preferências musicais. Cada um tem a sua paixão. Mesmo assim, não fiquei calado. Botei aqui o meu dedo na ferida.

Para a minha amiga e para aqueles que não conhecem, deixo aqui um trecho da letra “A força do silêncio”, de Humberto Gessinger, líder dos Engenheiros do Hawaii e, na minha opinião, o melhor letrista do Rock Brasil.





Pra que tanta inteligência?

Por que tanta emoção?

Qualquer coisa em excesso faz sucesso meu irmão

Quanta gente com certeza

Tanta gente sem noção

Em excesso até fracasso faz sucesso por aí

E eu tenho fé na força do silêncio



Se as cores vão berrando num sol ensurdecedor

Fecho os olhos... Outro mundo

Vou morar no interior

Transbordou a mesa ao lado

Um tsunami arrasador

Fecho os olhos... Outro mundo

Vou morar no interior

Eu tenho fé na força do silêncio



A fé que me faz

Aceitar o tempo

Muito além dos jornais

E assim mergulhar no escuro

Pular o muro

Pra onda passar

A fé que me faz sobreviver

À onda

Eu tenho fé na força do silêncio

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